Especial
De acordo com dados do Sine/IDT, a cada ano aumenta a demanda de vagas para pessoas com deficiência. Parte desse aumento deve-se ao fato de as empresas se adequarem à Lei de Cotas, que exige que parte do quadro seja ocupado por deficientes físicos
Em 2009, 1.921 pessoas com deficiência entraram no mercado de trabalho. De janeiro a março de 2010, foram 419 que conseguiram empregos. Mas esses números animadores, divulgados pelo Sistema Nacional de Emprego/ Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), só foram possíveis graças a Lei Federal nº 8.213, de 24 de julho de 1991 que, no artigo 93, estabelece que todas as empresas são obrigadas a preencher em 2% a 5% os seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência habilitados.
De 1991 a 1999, foram preenchidas 699 vagas por portadores de necessidades especiais no Estado. Já entre os anos de 2000 e 2009, período em que a Lei entrou em vigor no Ceará, o número subiu para 13.761. “Isso significa que apesar de todas as dificuldades, a lei trouxe um benefício. Ano após ano sempre está tendo acréscimo dessas pessoas no mercado“, afirma Fátima Almeida, gerente da Unidade da Pessoa com Deficiência do SINE/IDT.
Fátima afirma que as empresas ainda têm receio ao contratar essas pessoas, mas ela declara a importância que a atitude de contratação traz à organização. “Aqueles medos que se tinham, boa parte, começam a cair, quando percebem que a contratação é extremamente importante, que mostra alguém que produz adequadamente até se superando. Isso vai trazer diferencial para as equipes, serão bem vistas pelo fornecedor, pela sociedade, e pelos clientes“, destaca.
De acordo com ela, as vagas que mais surgem no Sine/IDT são para as funções de operador de telemarketing, operador de caixa, zelador, assistente administrativo, porteiro, empacotador e auxiliar de escritório.
Nível Superior
As vagas para quem possui nível superior são mais difíceis de aparecer. Ela disse que teve uma empresa que quis contratar uma pessoa com deficiência com nível superior, mas teve dificuldade para receber o profissional.
O Casal Celso e Andréa, ambos deficientes visuais e empregados, utilizam o braille e o computador com instrumentos de trabalho (Foto: IGOR DE MELO)
Celso Nóbrega tem deficiência visual e é formado em Publicidade e Propaganda e agora cursa Jornalismo. Atualmente ele trabalha como terceirizado para o Governo, transcrevendo textos para o braile – sistema de leitura dos deficientes visuais. Mas sua primeira oportunidade de trabalho foi um estágio como redator em uma agência de publicidade. Apesar de ter utilizado um programa de computador que repetia tudo o que ele ia digitando, Celso afirma que no começo teve dificuldade. “Pelo fato de ser um trabalho em parceria com o diretor de criação, tive um pouco de dificuldade, afinal o texto deveria casar com a imagem. Então o diretor descrevia a imagem para mim e eu ia desenvolvendo o texto“, explica. Celso trabalhou na agência durante oito meses e afirma ter gostado da experiência. Lá ele ensinou um colega a escrever em Braile.
Andréa Melo, noiva de Celso, também tem deficiência visual e trabalha atualmente numa ONG. Já teve outras experiências profissionais, mas duraram pouco tempo porque, de acordo com ela, as empresas ainda não querem contratar pessoas com deficiência, e quando contratam é por causa da lei de cotas. Antes de vir para Fortaleza, cursava Pedagogia em Goiás e pensa em seguir na área de educação. “Quero trabalhar com educação inclusiva, com crianças. Acho uma área muito bonita“, afirma.
NÚMEROS
13.761 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ENTRARAM NO MERCADO DE TRABALHO ENTRE OS ANOS 2000 E 2009
419 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA CONSEGUIRAM EMPREGO DE JANEIRO A MARÇO DE 2010
E-MAIS
– Os interessados em fazer cadastro no Sine devem se dirigir à Unidade da Pessoa com Deficiência, portando carteira de trabalho e homologação (atestado emitido pelo médico).
– A unidade fica na rua Assunção, 699 – Centro, Fortaleza
– A unidade fica na rua Assunção, 699 – Centro, Fortaleza
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