Dança e acessibilidade
Roda de conversa com estudiosos no âmbito da audiodescrição acontece hoje no Auditório do CDMAC
00:00 · 31.10.2015
A audiodescrição, ou simplesmente AD, possui uma finalidade clara: proporcionar melhores perspectivas de aproveitamento cultural e educacional às pessoas com deficiência visual. A técnica, espécie de tradução auditiva de obras audiovisuais, tem ganhado cada vez mais a atenção de redes de televisão, bem como das instituições de fomento à arte e à cultura.
Entretanto, ainda que enquadrada dentro das recentes leis de acessibilidade do Brasil - que garantem, entre diversos pontos, o acesso aos produtos culturais e à educação para indivíduos tradicionalmente excluídos nesse âmbito - a linguagem encontra numerosos obstáculos, ora técnicos, ora políticos, para concretizar-se como realidade no País.
Discutir os distintos horizontes de trabalho e desenvolvimento que envolvem a audiodescrição é o foco da roda de conversa promovida pela X Bienal Internacional de Dança do Ceará hoje, a partir das 16h, no Auditório do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Com o tema "Acessibilidade em Perspectiva: Audiodescrição, dança e política", o workshop, gratuito, integra o circuito Percursos Formativos - Políticas Públicas em Debate, promovido pela Bienal.
Conduzindo o encontro, estarão a professora Vera Lúcia Santiago, doutora em Letras pela USP e pós-doutora pela UFMG, e o tradutor e mestrando em Linguística Aplicada com ênfase em Tradução Audiovisual Acessível na UECE, Paulo Victor Bezerra. Ambos pretendem oferecer um panorama sobre o estado atual da legislação brasileira acerca da acessibilidade de pessoas com deficiência visual e auditiva a produtos de cunho cultural e educacional.
Pesquisa
Atualmente desenvolvendo a primeira pesquisa em AD de dança no Brasil, visando buscar diretrizes para a tradução do movimento em palavras, o estudioso Paulo Victor Bezerra destaca que ainda não existem parâmetros sobre como a técnica deve ser realizada no âmbito da dança.
"Assemelhando-se ao teatro, a técnica de dança exige um componente muito específico, diferente de linguagens como o cinema e a televisão, por exemplo: o fazer ao vivo. É necessária, portanto, na execução dos trabalhos, a ausência de fala e de música, fatores cruciais em outros campos", explica.
"A partir daí, cada companhia, cada grupo, realiza suas atividades do jeito que achar mais conveniente, já que, por enquanto, não existem métodos precisos para uma definição concreta de como a audiodescrição deve ser feita na dança. Pretendo, com a minha pesquisa, mudar isso", completa Paulo Victor.
Em sua fala no seminário de logo mais, o estudioso vai contemplar detalhes sobre a forma de tradução desenvolvida no espetáculo "Magno-pirol: o corpo na loucura", encenado em audiodescrição no ano de 2009 pelo grupo LEAD (Legendagem e Audiodescrição), integrante do Laboratório de Tradução Audiovisual da UECE.
Políticas públicas
Focando também na carência que o campo das artes sofre pela precariedade de incentivos e verbas governamentais, especialmente no segmento de trabalho com deficientes visuais e auditivos, Paulo Victor e Vera Lúcia também debaterão sobre essa situação pela qual o Brasil passa, focando no quanto ela inviabiliza a ampliação da acessibilidade e limita o seu raio de alcance.
A X Bienal Internacional de Dança do Ceará vai até o dia 8 de novembro, com atividades em nove municípios do Estado, trazendo espetáculos, formações e debates com vistas a enriquecer o conhecimento conjunto sobre a dança.
Mais informações:
Roda de Conversa "Acessibilidade em Perspectiva: Audiodescrição, dança e política". Hoje, às 16h, no Auditório do CDMAC (R. Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Gratuita. Contato: (85) 3488.8600
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