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Acessibilidade Audiovisual é tema de audiência pública

19.11.2015 – 18:21  

Assessora do MinC apresenta Guia em audiência pública na Câmara dos Deputados (Foto: Alex Ferreira/ Câmara dos Deputados)
Durante a audiência pública realizada na tarde da última quarta-feira, dia 18, pela Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência, na Câmara dos Deputados, para discutir Acessibilidade e ‪‎Comunicação, a assessora técnica da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC), Sylvia Bahiense Naves apresentou o Guia de Produção Audiovisual Acessível, que poderá servir como material de referência para realizadores do audiovisual no Brasil. O manual aborda a audiodescrição, a legenda para surdos e a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como meios de acesso ao conteúdo audiovisual.
Diante de um plenário lotado, incluindo alunos da Universidade de Brasília (UnB) e integrantes de várias organizações sociais, Sylvia Bahiense ressaltou que a exigência de instrumentos de acessibilidade em projetos audiovisuais financiados com recursos públicos federais geridos pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), (estabelecido na Instrução Normativa nº 116, de 18 de dezembro de 2014, da Agência) causou espanto na classe cinematográfica, pois ninguém sabia como fazer isso.
A coordenadora lembra que, a partir dessa exigência, divulgada nos editais da Secretaria do Audiovisual, as amostras de retorno de alguns projetos que chegaram à SAv/MinC com cópia de acessibilidade estavam aquém da proposta, com transcrições inadequadas e limitadas. "Foi aí que tomamos a decisão de criar uma unidade de linguagem para propor à sociedade e ao segmento produtor dessas obras audiovisuais. Convidei várias pessoas ligadas ao segmento, algumas presentes nesta audiência, e criamos uma orientação para a produção de audiovisual acessível. Foi um trabalho científico, voluntário, testado e que estará acessível para todos, assim que for editado", informou Sylvia.
Uma das integrantes do grupo que criou o Guia, Vera Lúcia Santiago Araújo, doutora em Letras e professora adjunta na Universidade Estadual do Ceará (UFC), falou de sua contribuição para o manual, que é a legendagem para surdos e ensurdecidos. "Nosso estudo apresentado na elaboração do guia é resultante de 13 anos de pesquisa, calcada na legendagem para ouvintes e acrescida de aspectos especiais. Foram realizadas pesquisas descritivas, e o resultado foi proposto ao Instituto de Surdos do Ceará, depois fizemos outra pesquisa de recepção com surdos de quatro regiões do Brasil. O resultado foi aprovado, e está dando certo", comemorou.
Outro participante da elaboração do manual, Saulo Machado de Mello de Sousa, professor de Libras da UnB, com interpretação simultânea de Raphael dos Anjos, destacou que a acessibilidade na linguagem cinematográfica sempre preocupou a comunidade surda de uma maneira geral. "Acessibilidade é um direito que tem que ser garantido para todos", disse o professor, que lembrou a importância da introdução do Close Caption na TV, em 2005. "A partir daí, surdos que até então viam TV sem entender nada, passaram a aumentar seu vocabulário e a compreender mais o que estava sendo exibido na programação". Em sua pesquisa de mestrado, Saulo trabalha na avaliação de legendas com surdos, e a partir desse estudo, constatou que esse é um instrumento importante, pois alguns surdos não conhecem a linguagem de sinais. "Fico preocupado com a falta de legenda e da janela nas produções brasileiras. As empresas e os cineastas precisam abrir os olhos para essa questão de acessibilidade. Agora é o momento para a se trabalhar a acessibilidade na linguagem cinematográfica, seja em janela ou legenda; as duas trarão os surdos às salas de cinema", ressaltou.
Eliana Gonçalves
Secretaria do Audiovisual

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